Wednesday 31 December 2008

2008

Ó Clara, fala-me deste ano! Em vez de um ano parecem dois ou três, não? Com cada estação mudaste tu e as coisas todas... Não estavas bem à espera de nada do que acabou por acontecer, não é? Mas também não se pode dizer que as coisas não tenham tido causa e não se pudessem prever. Acho até que o que tornou tudo tão surpreendente foi a tua audácia sem precedentes! Vá, estou a gozar, mas tens de admitir que foste um bocadinho mais corajosa que o normal, não foste? Deste uma de fatalista e concorreste para Londres assim de repente - a ideia já estava lá há muito tempo, eu sei, mas também sei que não quiseste foi perder a oportunidade. Lá está, já dizia o outro que só é coragem quando nos borramos de medo, ou algo do género, e eu acho é que tu tiveste mais medo de perder a oportunidade e ficar para trás do que de perder ou enfrentar o que quer que fosse. Foi assim com o rapaz, não foi? Tiveste tanto medo de ter medo para sempre que deste o passo em frente. Soube-te tão bem essa estação. Sol todos os dias e doces no bolso. Mas tu ainda és verde, Clarinha, não percebes muito disto e foi melhor assim. Ainda tens de marchar um bocado. E é como tu dizes, ainda tens de te lembrar de quem és de vez em quando e essas coisas é que fazem de ti uma coisa corpórea, em vez de uma pessoa de celofane. E se há coisa que se espera de ti, Clara, é que sejas alguém. Até eu. Devias dizer mais o que vai nessa cabeça em vez de olhares com esses olhos… mas vá, tens feito muito através do video. Acredita que percebo que é muito importante para ti essa missão de soldado a que te proposeste. E também sei que, mesmo que aches que isso não foi bem para ti, a levas mais a sério do que qualquer outra coisa. Acho que às vezes lhe devias dar um descanso, martirizas-te um bocado com essa busca, que não é pouco cruel, mas percebo que é algo que tu já há muito tinhas vontade de tratar em ti. Portanto vá, o objectivo é ser arrogante, insolente, insuportável e imperdível. O caminho é a verdade. Mas olha, é só para te lembrar, eu não te falo mais nisto, mas não te esqueças que os caminhos às vezes não vão dar onde a gente pensa, independentemente da coragem com que a gente os percorra. Sobretudo - se te perderes, aproveita à mesma. Ainda há pouco perdeste outra vez quem não querias perder. Ó pá, estas merdas são assim, mas não dramatizes... os amigos encontram-se, desencontram-se e voltam a encontrar-se e tu não és nem rancorosa que não perdoes, nem tão orgulhosa que não dês o braço a torcer. Vá Clarinha, não faças essa cara séria. Está tudo aí para ti, não te sentes bem? Ah pois! Então olha, continua e faz alguma coisa por ti abaixo! Isto são só coisas. Está bem? Feliz 2009! Boa noite. Dorme bem. E até amanhã.

Saturday 20 December 2008

A mais odiosa música de Natal em 8bit




Acabei o vídeo 3 para a Middlesex University. Estou melhorzinha nisto de fazer vídeos, mas ainda não consegui prever alguns problemas. A ideia deste último projecto merece melhor tratamento e hei-de voltar a ela quando resolver algumas coisas. Quero concentrar-me no mise-en-scène agora. Vou ter de escrever uma essay sobre o Sirk e o Fassbinder portanto até dá jeito. Também me deu agora para dar atenção ao mise-en-scène em desenhos animados. É surpreendente.
Entretanto vou a casa duas semanas. Chego segunda, depois de amanhã. Rever os sítios do costume :) Tropeçar na rua do Heroísmo, proteger-me da chuva nas coberturas do Campo 24 de Agosto, ouvir o gajo rouco de Santa Catarina, decidir que filme ir ver na fila do Arrábida, jantar na sala, tirar o café do tabuleiro ao Manel, comer uma broa de mel no Lilibete, passar umas horas a ler manga na Mundo Fantasma, subir aquela maldita rua de Barros Lima. O costume.

Uh, começou o Family Guy!

Monday 24 November 2008

The power of the cinematic medium and the validity of its use

segundo trabalho escrito para a Middlesex University.

Não me agrada particularmente. Mas aí está.



An issue that consistently occupied my mind through all the lectures and seminars during these weeks was truthfulness in the artistic creation. By this, I refer to the honesty of the artist in choosing certain creative devices in presenting his work to an audience, knowing that his approach will influence the audience’s reading. As early as the first references to McConnell’s five basic storylines and the following analysis of different ways in which to tell stories, my thoughts on this matter came less promptly, much more pensively and pondering. I argued firstly the validity of a work whose structural narrative conveyed a moral message contrary to the images it glorified. I refer to the paradoxal construction of the Western. After the following screenings - Chinese Ghost Story (Ching Siu-Tung, Hong Kong, 1987), Yeelen (Souleymane Cissé, Mali/Burkina Faso, 1987) - I dwelt on the purpose of strategies that would convey a precise director’s view in spite of involving or not the audience at an emotional level. Yet, it was the viewing (and consequent seminar discussion) of Ken Loach’s Ladybird Ladybird (United Kingdom, 1994) and The Wind that Shakes the Barley (United Kingdom, 2006) that stirred this internal discussion, as it brought along the question of realism and the consequences of the choices that filmmakers do, in a medium that is distributed in mass. These questions are what I will elaborate on in the next paragraphs.

Firstly, as I said, I will focus on the paradoxes of the structural narrative of the Western. As Schatz argues, supported by Lévi-Strauss’ theories, genre films subscribe to the label of cultural mythmaking since they have a set narrative structure that serves ‘to defuse threats to the social order and thereby to provide some logical coherence to that order’, among other purposes. Kitse’s antinominial grid, which was studied in the lectures, presented the Western’s structural narrative as a continuous fight between two opposing forces – the wild west and civilized east – in which the hero, as described by Wright , ‘uses his savage skills to combat savagery, hence to protect and defend the interests of a civilized community which eventually accepts him and which he eventually decides to join’. This means that Hollywood’s Western filmmaking created a myth – one that has surpassed any other version of that historical period, as accurate as it may be recognised – in which an independent free spirit sacrifices himself for the freedom of knowledge and order. The same symbols that Hollywood fabricated, embellished into stardom and engraved in American national identity are the ones that it sacrifices for the coming of its own civilization. This is one of the greatest examples of the terrible power that the cinematic medium holds on people’s shared conscience.

As one grasps the extension of this manipulation – mainly because it has never been a matter of fact or falsity –, the questions that arise all relate to the ethical validity of works that are now produced as realistic accounts of the present and cannot be seen as anything more than realist works and, therefore, showing a determined perspective on the object matter. In Samantha Lay’s expositive paragraphs on realism and the cinema , she explains that, for adding movement and sound to the ability of capturing life as it is (i.e. actually adding the space and time dimensions to the representation) film became for many theorists, such as Siegfried Kracauer, the unique medium ‘capable of representing the real and should do so with as little artifice as possible’ . However, while there is the theoretical possibility of a cinematic construction that objectively captures a reality, it is practically impossible for it to stand as an objective account of any event as it will always be a given perspective of a happening.

At this point are introduced the considerations upon the viewing of Chinese Ghost Story and Yeelen. These concern technical aspects of a director’s creation and their effects. These two films featured completely opposite shooting styles, acting and soundtrack performances to achieve very different responses from the audience. Chinese Ghost Story used short-timed, medium to close-up shots, with canted angles, segment shooting and composition that preceded movement to engage the audience emotionally and provoke gasps and sighs; whereas Yeelen had long wide-shots where characters roamed the land or sat comfortably telling stories to one another to allow the audience to take their time in those places and actually experience their permanence. Both of them were unmistakably fictions and had no pretence on reality – which means their directors were free to use any stylistic devices to tell their stories – and, even given concessions for being non-western films with specific local symbolisms and narrative codes, these two pieces of work can be watched and understood (be it at a superficial level) by anyone from any place of the world.

My point is that cinematic language evolved in order to convey certain messages and get determined responses – the Kuleshov effect experiences and Eisenstein’s theories were most determinant in this development – but it is up to the filmmaker to use them according to what he intends to portray. Film is not, as Kracauer intended, the most objective medium; in fact, for exactly the same characteristics he pointed out as ideal for objectivity, I would point out as ideal for subjectivity – to be able to control not just a single but multiple perspectives of an object-matter presents a more subjective view of the object-matter precisely because of the choices of perspective which are implied. In cinematic terms, a successful filmmaker will decide who the audience will support and what argument it will agree with at the end.

In Ken Loach’s films, there is the pretense that the camera is invisible and events are shown as they supposedly took place. Even though the two films watched in the screenings had very different themes – one being a melodrama and the other a historical representation – both were shot in the same continuity style way that allows the audience to engage in what is happening on the screen and forget we are not actually there. So, whereas Ladybird Ladybird focuses on the dramatic story of an ordinary woman in the present, living under the same regulations that we do, in The Wind that Shakes the Barley we follow the birth of the IRA and its struggle for Irish independence. In both of them Loach uses a television aesthetic and certain melodramatic devices of narrative, camera and soundtrack that very subtly lead the audience through the midst of the controversy presented in the films to support the character and the view he wants us to. He has often been criticized by that characteristic though, even in spite of it, his films are still under-distributed in the United Kingdom. Nevertheless, Loach’s films have the power to move and impress for they so subtly place our alliances where he wants them to belong – and he has been able to create quite a national discussion, after the release of Cathy Come Home, in 1966. At an academic level, he is frowned upon for this liability – how to read Loach’s films as realist when the camera is so pointedly directed in his films, whereas in most realist films filmmakers exceed themselves in finding ways to make the camera more objective? Loach is one of those filmmakers that have a consistent production of work that covers many themes of present and past issues with a very deliberate and overtly socialist agenda and uses of cinematic strategies to mirror society as he wants it to be seen. The complete subversion of the actual historical truth that we have observed in the Western is but the extreme reaction that can be provoked by Loach’s films, whether they were more consistently and widely distributed. The issue, however, is whether his work has any validity if he as an artist sees himself in a trap where he has to lie and deceive to get his view approved. MacCabe describes it in his considerations on classic realist text : ‘The classic realist text (a heavily ‘closed’ discourse) cannot deal with the real in its contradictions and in the same movement it fixes the subject in a point of view from which everything becomes obvious’ – so in Ladybird Ladybird we are shown the couple’s perspective of the story, we see how they are not completely blameless for their misfortune but we empathise with them simply because we see the story from their point of view; also, in The Wind that Shakes the Barley, it is Damien who we follow, the brother that did not want to fight but would not surrender until a socialist republic government was established in Ireland.

Drawing onto conclusions, there is not much I would say in a definite tone. Even though these considerations on Loach strike me negatively, one might argue that it is an artistic creation, therefore, it should be expected to be a subversion of reality as the artistic project is a process by which the artist absorbs, transforms and recreates in order to express his conclusions. The realist project has a very difficult task in achieving this and fallacies like those in the works of Loach are expected to appear, not only in the cinematic medium but in other modes of expression. However, the question remains if it is not more important for the artist to be honest with his creation and the audience than to get his message across.

Saturday 22 November 2008

Strange fruit




q me perdoe a billie holiday.
prós indies.
tout le monde est artiste.

Tuesday 18 November 2008

Preparando um argumento

Ontem entreguei outro projecto. Um exercício de continuity style em que duas personagens se encontrassem, trocassem um objecto e se separassem. Teve piada fazer isto. A princípio foi complicado arranjar uma storyline - sou terrível, complico demasiado e quero sempre falar de coisas conceptuais. Ainda por cima porque sou tão crente na teoria de que as pequenas coisas de ser humano são as que mais facilmente mostram verdades.. e pareço sempre incapaz de concentrar uma ideia numa acção. É tão fácil reconhecer.. e tão difícil conceber... Mas lá arranjei esta forma descomplicada de criar um storyboard em continuity style. Um misunderstanding meio cómico, uma coisa muito Coen. A ideia base foi o Mário que sugeriu por ser uma coisa interessante de filmar, eu achei piada, agarrei-me a ela e construí a narrativa. Preocupa-me esta dificuldade - será que complico demasiado e por isso não me sai nada facilmente ou será que me falta mesmo a habilidade de produzir uma história? Já na PAA tive este problema.. Neste vídeo preocupei-me bastante com a resolução da narrativa, como tinha sido uma coisa que não resolvi no da PAA. Consegui que funcionasse. Mas também não transmite nada para além de uma sensação agradável de reconhecimento dos pequenos desentendimentos cómicos da vida.
Agora tenho outra proposta e um argumento para escrever até quarta-feira. Usando um estilo self-conscious (peço desculpa, não me lembro da palavra em português e o google não está a emprestar-me o seu conhecimento), tenho de mostrar um diálogo em que uma personagem tenta convencer outra a fazer qualquer coisa. Por qualquer razão esta situação na minha cabeça está relacionada com revelações. O Joaquim chateia tanto a Joaquina para lhe fazer pataniscas de bacalhau (que ela nunca faz e ele que gosta tanto..) que ela acaba por lhe contar que não gosta de fazer pataniscas de bacalhau porque foi o que ela deu a comer ao Manel (seu antigo amante, verdadeiro amor e para sempre fantasma sobre a cabeça do Joaquim) que lhe provocou o envenenamento alimentar que o matou. De preferência algo menos idiota. . ...A física quântica insiste em meter-se no meio..mas de alguma forma faz tanto sentido. E agora que penso nisso.. se a matéria existe numa rede infindável de relações químicas que se influenciam directa ou indirectamente por que é que as experiências, que se traduzem em reacções químicas também (tão basicas como os zeros e uns dos geeks), não são também propriedade universal? O observador condiciona a matéria, a câmara activa o mundo, a presença altera a experiência. Janela Indiscreta, Blow-up, Cloverfield, REC. O que é visto e a quem o é permitido ver.

E lá está.. podia só filmar um caixeiro viajante a impingir os seus produtos a uma dona de casa maldisposta, mas ponho-me a pensar...

Wednesday 12 November 2008

The Good, the Bad and the Ugly - análise da cena inicial

Digam-me por favor se aqui pelo meio digo alguma coisa interessante.

primeiro trabalho escrito para a Middlesex University.




‘The Good, the Bad and the Ugly’’s opening scene is one of the best examples of how a director’s view effectively changes the tone of even the most conventional of stories. Sergio Leone directs a western, a genre which lives and breathes by a code of restricted filmmaking rules, self-consciously making use of its icons and strategies to talk about themselves; it is a kind of metacognitive filmmaking.

Being a genre that had been mostly produced in America, westerns that subsequently came from Europe were regarded with distrust and disdain by critics and Leone’s work was only recognized to have some artistic relevance a decade after they were released. The Dollars trilogy had been a great box-office success but hadn’t found much support in the critics, who argued Leone was subverting and mocking the very essence of the western, with ridiculous characters and settings and extremely violent sequences.

To ascertain these claims, let’s analyse the opening scene of The Good, the Bad and the Ugly, the last film of the Dollars trilogy. It begins with a wide shot of an arid, mountainous landscape that is quickly transformed into a close up of an ugly, weather-beaten bounty hunter’s face. It would be acceptable, in American westerns, to have a character come out from the desert as he is first introduced to the audience, probably with a low-angle American shot and a quick intervention by the character on whatever the situation is to establish themselves as the main ‘doer’ in the picture. In Leone’s picture the character is so much more than that. The bounty hunter’s kind of face, with all the desert’s hardships marked on it, is exhibited as the only kind of face that one can find in the Wild West; it is stamped over the landscape as if he himself could be it. Leone sees the icon and uses it without scruples - in fact, he celebrates it.

As the scene continues, we are slowly introduced to two other cautious bounty hunters, each as ugly and hardened as the first one. We are lead into this moment as if one could only find this kind of situations in the West. The set is nothing more than could be expected – a rundown wooden building, a couple of shacks attached, a few scattered carriages and many fabrics being blown by the wind, everything coloured with a palette of dirty dark and light browns and ochres. As Leone films a reverse shot of what the first bounty hunter is looking at, the audience as well expects something to arrive – and then arrive the two other bounty hunters on horseback. Leone takes his time, as do the characters. They do not come quickly to meet the first bounty hunter and immediately kill Tuco – these characters are more than characters, they are icons of that space, they control it and therefore Leone let’s them slowly walk to one another, filling up the space with their vicious intents, tough life experiences and apprehensions. Their faces are a strong element to convey this message and therefore extremely important to Leone – he often cuts from long or wide shots of different points of view, even crossing the axis of action at some point, to close-ups of the characters’ faces. It is easier to be impressed by a huge murderous look after one has seen its owner walking decisively towards something, however, it is my opinion that Leone puts up all this just so that the audience cannot disassociate the place and time to the character. In a way, I think he is most interested in celebrating the western and its mythology than to tell any particular story.

It is not by accident that the score in the first scene features nothing more than the faintest diegetic sounds but for a select feature of the theme song at a particular moment – the audience is not to be distracted from the pageant that these three men are performing in. We hear some gusts of wind, the sounds of the horses’ feet, the men’s boots and not much more. The space is filled with things unsaid but it’s all part of Leone’s view of the west – there is not much this kind of men need to say (which becomes evident later on once we become acquainted with Blondie, Clint Eastwood’s character), their harsh and circumspect faces let the audience know there will be a showdown and the silence intensifies the suspense of how it will unfold. Let us not forget that at this point the audience does not know who it is supposed to root for and therefore expects to make that decision with the conclusion of this first confrontation (and indeed the purpose of this whole scene is to introduce Eli Wallach’s character, Tuco).

So, it might come as a contradiction that in this first scene the leading up to the confrontation is done in near silence and the final showdown between Tuco, Blondie and Angel Eyes is shown with a beautifully orchestrated tune that not only intensifies but glorifies the whole scene. As I said, at the point when the film begins it would not be very sensible to have such an elaborate score. Firstly, because we are not even looking at the main characters yet and an epic score would elude the audience -that had to be kept for the most important and expected scene. Secondly, it is not necessary to have it to build up the intensity of the scene. In fact, the small quantity of sound effects resonates the few that exist and, again, the faces do that job perfectly. Thirdly, it is also a good way to make the desert more present physically in the audience’s mind and also bring about its mythic loneliness and hardships.

However, the theme song does appear in this scene, at the very moment we first see Tuco. As if it is not enough to have such a build-up in one scene to present only one character, Leone actually freezes the frame as Tuco is completely visible, has red lettering labeling him as ‘the Ugly’ and plays a musical sentence of the theme song, the famous cry-like sound. Tuco escapes his hunters by breaking through the window, creating ruckus and disorder in a previously very quiet series of shots. It is somehow a way of letting the audience know subconsciously that Tuco is the explosive character, the one who will start brawling everytime things do not go his way. In the freeze-frame he wears a fierce expression to go with the ‘Ugly’ label, but all the more because we find out as he rides off that he has dispatched the three frightening, tough characters we had been watching. Leone brilliantly composes this discovery, having the first bounty hunter come out trying to shoot Tuco as he flees, but being clearly wounded he rolls back into the building (which we assume is some kind of saloon because of Tuco’s holding of what seems to be a roasted turkey leg) and as he falls, reveals his two other companions shot dead on the ground.

The audience is, in this way, given a hero through violence. It is supposed to be impressed and perhaps disgusted at his skill with the gun – Leone was very much criticized by how cruel and violent his characters were, but as has already been said, this film is a celebration of the myth of the West and that is the only character, in the Leone’s eyes, that is to be found there. Even Eastwood’s character, labeled ‘the Good’, is merciless at times, though considerably more just than most of the characters.

It is interesting to notice that in this scene, the three bounty hunters can also be thought of as a good one, a bad one and an ugly one, if by nothing more at least by their colour scheme and faces (which, as we have seen, is not little to say in regard to Leone’s filmmaking). While there is a big colour contrast between the second and third bounty hunters which makes us naturally decide the one with the lighter colours must not be as bad as the one in dark colours, there is also the question of the latter being always shown a little more sideways than the former. Also, as he appears first, we tend to assume that this whole confrontation has been orchestrated by the first bounty hunter and therefore, as Tuco is presented as our hero, we might look back at him and remember him as ‘the bad one’. With all this, I just mean to point out that even in the choosing and characterisation of the unimportant characters, Leone is giving us hints to the film’s structure and that is, undoubtedly, the mark of a dedicated and passionate director.

In conclusion, Leone’s direction of ‘The Good, the Bad and the Ugly’ is a very deliberate one, with intentions of celebration and not ridicularisation. Perhaps the skepticism on the part of American critics towards Leone’s work is due to the fact that he has, from a distance both in time and space, actually made incredibly self-conscious western films that pinpoint cinematic strategies that Hollywood frowns at being publicized.

Sunday 26 October 2008

2 meses e 14 dias

Trabalhar já não é assustador. A responsabilidade também não é tanta que sufoque mas a noção de dedicar horas a algo em que não tenho o mínimo interesse às vezes faz-me sentir um arrepio de pânico. Pânico de ficar presa àquilo, de passar a depender daquelas horas para me encherem os dias. Mas Londres já é Londres, finalmente. Ou começa a ser. Começam os espectáculos, as saídas, as conversas, os jogos, os projectos, os livros, os filmes, mais rápido e exigente, mais igual à imagem projectada. O trabalho ocupa só uma pequena parte, impossível de tomar controlo sobre as outras porque o vídeo ocupa-me e nunca me sinto tão bem como quando estou em processo de criação.
Dois projectos para desenvolver durante o fim de semana. Um, uma troca - para já só storyboard. Outro, a exploração com uma câmara de um espaço. Decidi brincar com perspectivas e noções de tempo e espaço. O espaço ali é um contentor de tempo. Os vários momentos sobrepõem-se e contam a vida daquele espaço. Escolhi filmar uma passagem em Brick Lane, que só existe para quem lá passa enquanto passam por lá. E só passam por lá ao domingo quando a rua se enche de mercados, então não só o tempo veste o espaço de formas muito diferentes de momento para momento como a observação objectiva do espaço é completamente diferente da visão subjectiva de passagem. Foi com isso que me diverti esta semana, usando o som e a luz para guiar o espectador pelas várias perspectivas e tempos. Foi bastante intuitivo, mais do que qualquer outro vídeo até agora. Quero experimentar mais coisas destas.
Também soube bem as visitas ao festival de cinema. Até agora só duas e mais duas se conseguir bilhetes - isto não é bem como o querido Fantas... acho que há à volta de 36 projecções por dia, durante duas semanas, espalhadas por várias salas da cidade, todas com preços diferentes que vão desde as 8,50 libras às 35. Até agora vi o novo do Woody Allen, apresentado ao vivo pela Penélope Cruz que teve o prazer de dispensar 15 minutos ao frio para entrevistas e autógrafos, mais outros 5 dentro da sala recheada a contar histórias sobre a hipondríase do nova-iorquino. O filme, Vicky Christine Barcelona, lembra-nos que não há mais nada para esperar das pessoas a não ser que sejam elas mesmas - e surpreendentemente deixou-me de bom humor. O outro filme que vi foi Touki Bouki, uma criação espectacular do Senegal - as associações de imagens e a banda sonora ficam na cabeça para serem lembradas com um sorriso durante vários dias depois de ver o filme... mas vêm de mãos dadas com imagens brutais da aculturação de África, sob a forma da morte explícita de uma vaca no matadouro. Todo o filme dança entre o real e o imaginado, entre o rude tradicional e o moderno sofisticado, entre o pacífico e o caótico. Muito bem escolhido, a meu ver, pela Fundação do senhor Scorsese para restaurar e preservar.
O próximo evento, que espero, espero, espero, espero conseguir assistir é a Masterclass de Argumento que o Charlie Kaufman vem cá dar - uma cena à la Adaptation :) Tenho que me pôr dentro daquela sala esta quarta-feira, dê por onde der.

Por falar em coisas imperdíveis, ontem houve uma coisa dessas. Um concerto que nunca pensei ver. Gay Against You e Fonda 500. Nem tenho bem palavras - o aspecto mais fixe dos concertos em Londres é que estamos tão próximos das bandas que podemos mesmo curtir o concerto com a banda e no final falar com eles, trocar impressões, fazer figuras de idiota e discutir outros concertos imperdíveis. Não sei como é que as outras pessoas do público foram parar àquele concerto. Poucos estavam lá que já os conhecessem e gostassem, alguns que os conheciam e queriam sabotar a cena. É o risco deste tipo de coisa, quando os artistas são tão interactivos pode haver más reacções..admiro-os como a poucos por essa coragem e ainda mais porque desde que arranjam maneira de dar a volta ao público, tornam-se brutais. E antes de tudo o mais, eu cá adoro porque me divirto e vou guardar (e usar!) para sempre a minha tshirt vermelha onde o Ice Wolf said Okay.

Entretanto o Peixe:Avião leva-me pelas ruas e pelas semanas até ao dia que coma um lanche aquecido outra vez.

Friday 19 September 2008

Pensamentos de um soldado na Canteen.

A imagem do próprio é fundamental dentro de um projecto artístico. Todo o artista deve ter esta noção, se não quer correr o risco de ser considerado ingénuo. Tem de saber como a sua personalidade (ou a forma com que a apresenta) se posiciona em relação à obra, ao público e a si mesmo. Qualquer artista (qualquer que seja o seu método, técnica ou mensagem) é antes de mais um performer, portanto o primeiro assunto que tem de resolver é a si mesmo.

Primeiro período do 12º ano de Imagem e Som.


Houve uma altura em que a obra era mais do que o artista. Depois a obra começou a existir em função da construção da personalidade do artista. Agora, houve o 11 de Setembro e a Wikipedia. O retorno do anonimato e da consciência de multidão. E ao mesmo tempo, estes miúdos emos - o individualismo romântico mais o fatalismo japonês. As maiores contradições, perfeito para um Gémeos.
Agora a mudança para o centro da actividade e a exposição à responsabilidade. São esperadas respostas.

Monday 1 September 2008

As personagens de Londres.


Imaginem uma zona onde há de tudo. Só não há a vossa casa (mas há a da Winehouse) nem dinheiro para gastarem, o que não é uma má situação, pelo contrário - podem usar tudo e depois ir embora no fim. No dia seguinte lá estará Camden Town à espera outra vez, mais freak e usada que antes, para ser novamente usada. É tão generosa, Camden, que se transforma para quem a visitar. Está lá a pseudo-intelectualice, a ecofriendlinésse, a japomania, a cybernice, o punk morto, o vintageretrolove. Camden interessa-se por todos, fala com todos e percebe tudo. Está disponível a qualquer hora, para ser cura de egos desesperados ou divertimento alternativo. Não há nada que assuste Camden porque ela já viu de tudo e não há nada que a surpreenda porque sabe que qualquer coisa pode acontecer.

O segredo de Camden, que foi o segredo que me contaram e o segredo que aprendi, é que não espera encontrar conforto - simplesmente, oferece-o.

Friday 22 August 2008

The London Five


Ora então estou no canto da cozinha em que a rede do vizinho se apanha mais facilmente, porque parece ser o único sítio em que o Macbook Pro (ao contrário dos outros branquinhos da casa) navega normalmente.
A Rita está a tomar banho no cubículo de chuveiro a que mudamos o dito telefone para que a pressão da água fosse mais eficaz a remover o sabonete, e se o Jack White não estivesse a gritar-me para sermos amigos eu devia ouvir a água dentro das paredes e a bater dentro das paredes do cubículo. Os outros três devem estar algures espalhados pela casa. O Mário provavelmente no seu quarto, sentado à secretária acoplada ao seu beliche de primeiro andar TROMSO da IKEA a ver, sem chamar ninguém, mais um episódio dos Simpsons, e está tudo a postos a seu lado para trabalhar mas o Call of Duty por alguma razão ocupa sempre o ecrã todo e não o deixa. A Phuk e o Daniel habitam a sala e aliciam-me pelo Messenger a juntar-me a eles e ver um filme. Entre nós há talvez 7 degraus... a nossa casa é o filho pós-revolução industrial e pós-crise pós-11 de setembro da árvore dos Robinsons, a que gostamos de chamar Aldeia dos Macacos. O quarto grande que deve ter sido sotão durante pelo menos um século é o meu ninho e da Phuk. Tem um espelho comprido pousado no chão, encostado à parede e três janelas seguidas que dão à casa um mansard roof. Por baixo de nós vive o Zohan, quarenta anos depois da parte da sua vida retratada no filme interpretado por Adam Sandler. Chama-se Peter e é o nosso landlord.
Agora já não é o Jack White a cantar, são os Dirty Projectors. E para a próxima descrevo a casa com um vídeo e não com esta treta toda.

Beijinhos a todos.

Tuesday 15 July 2008

twenty-nine days to go

Não é que o destino se tenha tornado menos desejável, nem que o que deixo para trás se tenha tornado mais precioso, nem que a mudança me assuste (até posso ter dito que é isso, mas estava a mentir) mas há realmente uns blues sobre esta coisa toda.
Detesto a antecipação longa. Mais um mês? Por favor... Queria partir já e fazer de conta que não tenho ninguém de quem me despedir nem coisas a resolver.
Mas não, tenho um mês.
Vou para a frente com o novo projecto, que tem de passar das palavras para a acção já. Amanhã, hoje!



Entretanto...
_o jantar de turma foi divertido. Gente que não sei quando volto a ver e gente de quem não me vou ver livre tão cedo. Não vou nunca aprender a letra do Hit Me Baby, One More Time.
_esta semana o Marés Vivas com Peter Murphy e Prodigy e afins (a Macy Gray há-de morrer em palco sem eu a ver).. inauguração do mundo fantasma, yay!, e a sessão fotográfica do Daniel, que vai ser gira. Mais aulas de código, com testes agora.
_muito Zelig para ouvir. O Foge Foge Bandido já quase não me foge. Ataxia também não. Mais pop, mais rock, mais progressivo, mais barulho, mais génio... Estou à espera.
_só o Taxidermia me impressionou nestes últimos dias.

Tuesday 8 July 2008

otobiografi


Era uma menina tagarela, esperta e vaidosa. Insuportável e mimada. E um dia disseram-me: "Tu vais ser minha mulher." ...aquela sensação pesada de leveza no peito...
"E ela vai ser a minha amante."
Não era suficiente.

Wednesday 18 June 2008

Monday 16 June 2008

9 a 15 de Junho

Portanto, esta semana andei um bocado perdida sem saber bem o que fazer porque o relatório era uma seca (btw, já o fiz, demorei um dia inteiro! maldito) e acabei por ver esta mistura de filmes. Uns para passar o tempo, outros para acompanhar outros, outros por geekice. Go ahead and laugh, cuz I did.







ah, e este dos 88 minutos dá vómitos.

Saturday 14 June 2008

Revolução para o Dia de Portugal

Nesta semana tão estranha (ainda na ressaca de tudo), terça-feira foi Dia de Portugal.

Como sempre, o Presidente da República fez um discurso à nação, em que relembrou as obras do passado, apontou os caminhos do futuro e preveniu contra os problemas actuais. Nada mais pacífico e datado do que este tipo de discurso. Um discurso paternalista, absolutamente desnecessário e redundante.
Ora, para alguém chamado Clara, que tinha um relatório a fazer, horas que nunca mais passavam pela frente e a cabeça cheia de coisas ridículas, isto foi um prato cheio. Alguma coisa para resolver!
Já há tanto tempo que isto se diz que se tornou um clichê (e os leitores já devem conhecer a minha relação de amor/ódio com os clichês), mas de facto, esta intervenção do presidente da república tornou ainda mais evidente a desadequação de todo o sistema político com que vivemos ao mundo que andamos a construir.

Por que razão (válida, mind you) é que esta entidade há-de fazer um discurso destes no Dia dedicado ao nosso país? Se é um dia dedicado ao país, devia ser aproveitado para tratar dos assuntos pertinentes e concretos do presente e do futuro. Em vez do presidente, o primeiro-ministro deveria ter a palavra e claramente expôr reformas e políticas que o governo se preparasse para pôr em prática nos próximos meses e anos, para toda a população ter a oportunidade de estar efectivamente informada sobre o futuro do país.
Não me digam que ninguém se interessa. Mesmo que não se interessem, deviam ter a oportunidade de o saber simplesmente porque fazem parte de uma comunidade e essas decisões afectam a sua vida.

Mas realmente, o facto da falta de interesse pelo rumo político do país é preocupante. Eu própria, apesar desta conversa toda, estou dentro da equação. Não me interesso particularmente pelo assunto, nunca pertenci a nenhum grupo com ambições políticas (nem sequer me candidatei alguma vez a delegada de turma -risos por favor-) e não me identifico com a filosofia de nenhum partido em especial. Basicamente, porque não acredito neste sistema político. Está viciado e velho, tem de mudar.
É necessário envolver as pessoas. Demora tempo, décadas para dizer a verdade, e os resultados não vão ser imediatos e não vão ser bem recebidos a início. Mas tem de se começar por algum lado e pela forma borbulhante como a sociedade global muda todos os anos, talvez funcione melhor e mais rápido do que as expectativas.

Temos de ter uma atitude wikipedia - ter acesso a toda a informação e ter a hipótese de participar e contribuir, se assim o desejar. Ou seja, as propostas do governo deveriam ser apresentadas ao público em geral periodicamente (talvez de dois em dois meses) e levadas a votação nacional não obrigatória uma semana depois. O parlamento, como é natural, deixaria de ser necessário. Existiria apenas o corpo do governo que faria as propostas e levaria a cabo as resoluções da população e estes também seriam eleitos.
A nível local o esquema seria o mesmo, só que as apresentações/votações seriam mais frequentes (talvez de quinze em quinze dias).

Era uma questão de hábito. A pouco e pouco, o debate tornava-se natural. Dava-se oportunidade a quem a quisesse. Quem não a quisesse, podia continuar com a sua vida. Ao menos tínhamos todos maior consciência do nosso papel na comunidade e maior poder sobre o nosso destino. Aí já não me importava de ouvir discursos como os do tradicional Dia de Portugal.

Sunday 8 June 2008

As coisas que aprendi nas minhas últimas semanas de criança

1. o que se tenta prever, torna-se imprevisível.

e portanto o que eu tinha planeado deixou de fazer sentido e faço isto.
tive semanas muito intensas em que parece que vivi mais do que em meses. pensei que tinha acordado e se calhar entrei só em mais um sonho. preciso do que o fundo chama 'closure' para poder avançar. já aprendi o que tinha de aprender aqui.

2. é mais fácil dar do que receber.

e não vale a pena esperar por algo que não vai acontecer. foi o que eu disse tantas vezes. e também que temos que perceber a situação, decidir e agir. controlar. é mais difícil fazer do que dizer.

3. é uma questão de químicos.

é difícil voltar a encontrar um espaço meu, ou antes, é difícil voltar a reconhecê-lo. os amigos ajudam o que podem. o cérebro vai-se desfragmentando, porque ele já sabe o que precisa e eu confio nele. quando ele se desvia, porque muitos dos circuitos ainda estão programados para outra realidade, são os que estão de guarda que o voltam a pôr no caminho certo.

4. acima de tudo, é preciso ser verdadeiro e forte o suficiente para o ser.

e agora que já tenho dezoito anos, já está na altura de viver como acredito que se deve viver.


quanto ao resto...
falta o relatório (que é algo tão sem sentido depois de pensar isto tudo), o proficiency, a carta de condução, o procurar casa, abrir uma conta, tirar o cartão de saúde internacional, ir a um festival, comprar o bilhete de ida e fazer uma grande festa para ir para londres.
devo confessar que tenho medo das razões que me levam para lá... estou sempre atenta a qualquer sentimento de fuga que eu possa estar a sentir. não quero ir para lá para fugir, quero ir para lá para crescer. portanto vou resolvendo as coisas agora.

e filmes, que se nota tanto a falta que me andam a fazer, não tenho visto nenhuns, já há duas semanas... ontem uma tentativa frustrada de ver o Be Kind Rewind, do michel gondry. acho que vou repetir o esforço hoje, já que amanhã posso dormir à vontade. já nem sei se fico contente ou não por acabarem as aulas. nem me apercebi que acabei o secundário. nem me apercebi.

5. não há nada que definitivamente comece ou acabe.

Tuesday 13 May 2008

5 a 11 de Maio

Semana de pouco tempo livre, esta que passou. Só deu para ver dois filmes, mas foram bem escolhidos. Um que voltei a ver e o outro, shame on me, que ainda não tinha visto.
Semana também de comprar o Macbook pro e de pensar em bandas sonoras.
Semana de ouvir 8bits e dormir pouco. E de andar a remoer os complicados dos artistas que querem que a gente conheça sem conhecer.

Só para depois eu me lembrar: qualidade e frecura, meninas sem sapatos, o mundo ao contrário, a under the bridge e o elfo.
E pronto. Me voy.



Sunday 4 May 2008

28 de Abril a 4 de Maio

De volta aos updates básicos, para não perder o contacto.
Ontem fui ao concerto dos Blasted Mechanism da Queima. Odeio universitários. Principalmente pela forma como conseguem fazer com que capas pareçam coisas parvas. Não, isso é só implicância :) Acho é idiota reclamarem rituais de grupo como se fossem algum clube especialíssimo, quando não têm metade do peso que deviam ter na sociedade. A Universidade não cria discussão nem controvérsia. As elites que criou só o são verdadeiramente no nome e nos direitos, que esses sabem bem quais são, os escritos e os por escrever. Toda esta paródia universitária me irrita.
Tirando isso, e o mosh (wtf, nem vou comentar), Blasted foi porreiro.



Os filmes desta semana...







Sunday 27 April 2008

Autobiografia - 2x em construção

Relembrando a mentes das outras Claras que já foram.

Estive estes dois dias em Salamanca, uma cidade universitária relativamente perto da fronteira numa latitude entre o Porto e Aveiro. Engraçadinha. É impressionante como a cidade está toda restaurada para manter o mesmo aspecto que tinha há quinhentos anos atrás. Manter só o aspecto, porque a restauração tornou-a sofisticada, preparadíssima para os milhares de jovens que por lá estudam. Estava sempre cheia aquela cidade... menos na hora da siesta claro.

Wednesday 23 April 2008

Statement 2

Estou em rodagem.
São 0:56 e estou a preparar as filmagens de amanhã. Vai-se filmar um jantar e tem de haver comida a sério. Ou talvez não mas eu digo que sim e eu é que mando.
Eu é que estou a criar isto.
São palavras que tomaram um sentido diferente de ontem para hoje. Gosto da sensação.

Como é que eu pego no "CORPO. ARTE. IDENTIDADE."?
Como é que EU havia de lhe pegar?
Há meses que desenvolvo esta ideia (anos para ser mais precisa).
A linguagem como origem do indivíduo, como colocação do indivíduo no espaço, como meio de comunicação. A linguagem pois então. A linguagem da abstracção que nos prende às palavras. E prender é uma palavra fraca. E o corpo? O corpo perde-se na realidade abstracta.
E se...o corpo for a evolução? Quando a linguagem se tiver desenvolvido ao máximo, quando não originar mais nenhum pensamento novo...tomará o corpo o seu lugar? O corpo como origem do indivíduo, como colocação do indivíduo no espaço, como meio de comunicação. O corpo pois então.

Vejam o corpo, não ouçam as palavras. Um exercício que pode ser para a humanidade do futuro o equivalente das pinturas rupestres para nós.
Demasiado, não é?
Pois, também não é isto tudo que eu quero dizer já.

CORPO. ARTE. IDENTIDADE.
LINGUAGEM.
Eu funciono com triângulos.

Vejam o corpo, não ouçam as palavras. O espaço que elas ocupam, ocupado pelo corpo. Uma proposta, uma chamada de atenção. O papel do Corpo na Linguagem, uma questão da Arte que está na fundação da Identidade.


porque é que achamos sempre que temos de ligar as palavras numa frase como se uníssemos pontos de uma imagem?
exacto.





quero falar de filmes. dos filmes do fantas de que ainda não falei. do youth without youth que está a ser castigado. destas correntes de que se tem falado em imagem e som.
vou dormir.

Sunday 13 April 2008

obrigatório!


Youth without youth, o novo filme de Francis Ford Coppola. Leva-nos a um tempo que já não existe, de filmes como já não são feitos. O tema fascina-me desde que penso.
Mais tarde, prometo um comentário mais pormenorizado.
Agora vou dormir.
;)

Tuesday 8 April 2008

Neon Genesis Evangelion

Apeteceu-me apresentar aqui o episódio final do anime mais interessante que eu já vi. Não foram tantos para que possa dar uma opinião certíssima, só certeira porque quem vê anime (mesmo que de vez em quando) rapidamente percebe quais são as criações que se destacam. No caso de Neon Genesis Evangelion, há uma manipulação do género japonês de animação como expressão artística, de forma que os espectadores são conduzidos desde o típico plot de anime (se bem que já desde o início com algumas excentricidades) para outro discurso, mais íntimo e mais freudiano. As regras do anime subvertem-se, para se aplicarem à nova dimensão e de repente, o anime torna-se admiravelmente mais interessante. Para os habituais espectadores de anime é desconcertante. Para os absolutamente ignorantes da cultura japonesa passa por pirosice emo. Mas não. Aquilo é Freud. É eu. É nós.

Fica aqui só o episódio final, mas verem os 26 episódios da série tornava a experiência mais impressiva.





Friday 28 March 2008

American History X


Já há algum tempo que andava para ver este filme. Até estava à espera que fosse uma coisa bem interessante porque só me diziam bem dele. Parece que o Ed Norton até foi nomeado para um Oscar (que vale o que vale..) Enfim, quando o écran ficou preto e começaram a aparecer os créditos a primeira coisa que eu pensei foi "Não vou conseguir dizer muito bem disto..."

American History X anda à volta de Derek que se torna neo-nazi depois da morte do pai e por influência de Cameron, o mau da fita, vai criando mais um gang na sua cidade sub-urbana, arrastando o irmão e criando mau ambiente na família. Umas coisas levam às outras e Derek acaba por matar violentamente dois pretos que lhe tentavam roubar o carro durante a noite e vai parar à prisão. O irmão, que assistiu a tudo, tem-lhe uma grande admiração e mete-se cada vez mais no gang, arranjando alguns problemas na escola.

Quando o filme começa, Derek está a sair da prisão. É um homem diferente daquele que entrou. Já não é neo-nazi. Ok, tudo bem, descobriu alguma coisa que lhe deu paz de alma suficiente para deixar de precisar do neo-nazismo, que para ele era uma forma de revolta. Até aí tudo bem. Vemos o confronto dele com os seus antigos amigos, mais confortavelmente neo-nazis do que antes agora que o gang é mais forte. Vemos também como ele era importante, o membro mais importante e mais convencido do gang. Há uma grande transformação entre o Derek antigo e o Derek novo que confunde toda a gente. Estamos todos curiosos para saber o que lhe aconteceu na prisão. E então ele conta. E sinceramente, mais valia não ter contado.

O problema que eu tenho com o filme, que tem confundido também muita gente, é que ele fala de muita coisa e não diz nada. Fala das famílias dos subúrbios, das lutas de gangs, do racismo americano (que é um bocado diferente do racismo no resto do mundo), da importância das figuras paternais (outra tradição americana), da raiva cega... Mistura-se tudo e depois não responde às perguntas. Há muita coisa no filme que nos deixa à espera de mais. É tudo demasiado fácil. Demasiado light. Mesmo o final, para quem o conhece, é incompleto. Não tenho nada contra os finais em aberto, mas aquilo não é um final em aberto. É um final fácil para dar o abanão final que vai dar o último argumento para as pessoas se decidirem que aquilo é um filme sobre a violência. American History X... a história americana, land of the free and home of the brave, de como os ideais da liberdade são corrompidos, ficou por contar.

Não sei... talvez esteja ser demasiado dura com o filme. Mas eu estava convencida antes de o ver e acabei descrente.

Wednesday 26 March 2008

Consolers of the Lonely


First things first!
O segundo álbum dos Raconteurs foi lançado ontem e está disponível para download, por €9,99, no site deles. Ao mesmo tempo foi lançado um vídeo de Salute Your Solution, uma das novas músicas.

Grande expectativa, para quem anda com o Broken Boy Soldiers sempre na selecção ambulante.

What to do in your Easter holidays if you haven't got any trip planned

Depois da euforia do costume de final das férias, das parties e tal, normalmente vem o tédio... Odeio o tédio, portanto tive de fazer alguma coisa.

Li De Profundis, a carta que Oscar Wilde escreveu ao seu amante enquanto acabava a sentença de dois anos de trabalhos forçados. Condenado por "gross indecency", depois de ter sido ilibado duas vezes da acusação de "homosexual acts not amounting to buggery". Enfim, embora haja muito a dizer sobre a condenação de um homem por um crime de que no mínimo metade da população masculina inglesa era culpada, a homossexualidade de Wilde é a parte menos interessante da sua vida. Ele tinha muito para dizer. Considerava-se um génio, claro, portanto dizia tudo com muito gosto. Para ele, a Arte era uma questão de Individualidade que se ocupava do Prazer e da Beleza. De Profundis é muito interessante pois não só fala da relação horrível que teve com lord Alfred Douglas (que era uma peste insuportável menos aos olhos do Wilde) como mostra a reviravolta que a sua visão da vida e da arte levou. Não mudou de ideias, na verdade, mas viu tudo por uma nova perspectiva. Ele era um individualista demasiado inteligente para deixar de aproveitar a experiência. Recomendo o livro a qualquer um, mesmo não conhecendo bem Wilde. São palavras de uma pessoa real sobre si próprio e sobre a Arte.

Li também The God of Small Things, de Arundhati Roy. É engraçado porque desde pequena que tinha a sensação de que ia gostar deste livro, que já anda cá por casa há muito tempo. Não queria criar demasiadas expectativas. Touché.
É uma história sobre o amor. Sobre como se formam as personalidades e os modos de vida. Uma família indiana cristã, de casta superior e anglomaníaca numa Índia onde o comunismo cresce e as essências se perdem. Pelo meio de paixões e frustrações, andam todos perdidos. Tudo gira à volta de um acontecimento dramático que marca tragicamente a família. Somos levados por décadas para a frente e para trás entre as várias personagens para conhecer as pequenas coisas que os levaram a esse acontecimento. Todos os pequenos erros que o tornaram inevitável, sem ser culpa de ninguém. As pequenas felicidades também. Enfim, não há Bem nem Mal, há a vida como ela é.


Entretanto comecei a ver Arrested Development. Que é engraçado. Tem a família rica e mimada e o pai corrupto que acaba na prisão e tem o filho certinho e nobre (que tem por sua vez um filho ainda mais certinho e nobre) que resolve os problemas todos, e os outros são todos chanfrados. Se não estamos sempre às gargalhadas, pelo menos chegamos ao fim sempre bem dispostos.

Sunday 23 March 2008

Statement 1

There hasn't been much Squeezing of the Sponge around here.
Muito pouco, muito pouco.
Principalmente, por uma questão de domínio. Escrevo quando preciso, mas só quando sou eu que domino as palavras e não o contrário. Senão, não escrevo.
Isto porque eu estou cheia de palavras e elas acabaram por suplantar tudo o resto que havia em mim. Até agora, pelo menos, foi assim.
O meu corpo é um retrato de Dorian Gray, o reflexo das palavras em mim. Uma permanência. Dormente e vigilante.
Por baixo de camadas de espelhos e vigias, as palavras da minha essência revolvem-se em turbilhão. Só sei porque turbilham quando outro as profere.
À minha volta, giram. E transformam-se. Desde que é assim que é assim.

Alguém me disse que eu era uma pessoa de poucas palavras. Porque não digo muito a muita gente. Há muitas coisas que muita gente não me diz. E as trocas e as danças vão a meios passos. Pelo meio.
Isso perde-se pelo meio.
O ser.
As palavras falham os seus encontros. Vão a más horas e levam o presente errado.
O ser está sempre sozinho.
As palavras vão falhar os seus encontros.
O ser vai estar sempre sozinho.
Mas elas estão lá na mesma. O seu único alimento. O seu único meio. A sua única arte.




Vou retirar-lhas. As palavras ao ser.

Tuesday 11 March 2008

La Habitación de Fermat


La Habitación de Fermat é o filme vencedor do Prémio Mèliés de Prata e do Prémio de Melhor Argumento da Secção Oficial de Cinema Fantástico do Fantasporto 2008. Para Luís Piedrahita e Rodrigo Sopeña esta foi a primeira longa-metragem, tendo carreira em Espanha como argumentistas humorísticos e realizadores de televisão. É importante conhecer o percurso dos dois realizadores, e a sua inclinação para o argumento, para perceber não só o filme como o sucesso que parece reclamar, isto porque o filme não é realmente um sucesso, falhando um argumento que o podia ser verdadeiramente.

O filme centra-se num pequeno espaço. Quatro matemáticos são atraídos para uma reunião por uma personagem misteriosa, Fermat, com o propósito de resolverem um grande enigma. Encontram-se então numa sala que acabam por descobrir estar rodeada por máquinas que a encolherão a não ser que os quatro consigam resolver os enigmas que o anfitrião lhes deixou. Sem outro contacto com o exterior, recebem os enigmas pelo telemóvel abandonado por um Fermat que chega atrasado e confuso e que é obrigado a deixá-los após receber uma chamada urgente. É a partir daqui que a trama se desenrola, à volta dos enigmas matemáticos e dos enigmas entre as quatro personagens.

O enredo não é original. É uma história que brinca com a capacidade lógica do espectador, à moda de Agatha Christie, com uma série de quebra-cabeças para resolver com a ameaça crescente do tempo que se esgota. O espectador é obrigado a entrar também ele na espiral de tensão e a resolver os problemas. Mas é aqui que o filme falha. Falta a real ginástica mental, tanto nos enigmas como nas personagens, que tornaria o filme mais pertinente, mais imaginativo, mais lógico e por isso mesmo mais atraente. As personagens estereotipadas reagem como já sabemos que vão reagir e nem as relações que se vão descobrindo entre elas nos chocam. Os psicologicamente fracos reagem de forma histérica, e os que se mantêm lúcidos apesar de todas as provações assim continuam para poderem passar a moral da história no fim.

Com as personagens desenvolvidas superficialmente, o filme tinha outra vertente por onde se salvar: o jogo intelectual. Que infelizmente também falha, com mais vontade até do que as personagens. É evidentemente uma opção da parelha espanhola que todos os enigmas apresentados a estes estudiosos matemáticos sejam enigmas populares, de truques semânticos e lógicos que todos já ouvimos. No entanto, por muito irritante que seja ao longo do filme, é uma opção compreensível pois seria muito mais complicado lidar com enigmas a sério que iam exigir mais explicação por parte das personagens e roubar mais espaço às intrigas interpessoais. Mas se calhar a compreensão dos enigmas pelo público foi sobrevalorizada pelos argumentistas; as personagens são mais importantes. O exemplo ideal são as séries de hospitais que vivem das personagens e dos enredos inteligentes, mesmo estando cheias de vocabulário técnico incompreensível para um leigo.

Apesar de todas estas falhas, La Habitación de Fermat ganhou o Prémio de Melhor Argumento do Fantasporto e o Mèliés de Prata, isto porque, dentro da sua superficialidade, o filme aguenta-se com uma excelente fotografia e um cenário interessante e uma linha condutora, com alguns twists para ir aumentando a tensão, bem como uma realização movimentada que filma o espaço de todos os ângulos, contribuindo para a sensação claustrofóbica que se desejava. A história evolui como um episódio de uma série televisiva que tem apenas 30 minutos para tratar de tudo. Esperava-se mais da oportunidade de fechar quatro especialistas numa sala em que os seus minutos de vida estão contados.

Thursday 21 February 2008

Tuesday 19 February 2008

Monday 18 February 2008

Sunday 17 February 2008

A Clockwork Orange

The famous 'Kubrick stare' opens Kubrick's 1971 masterpiece A Clockwork Orange. This pervasive stare from Alex deLarge, the main character played by Malcom MacDowell, is an intimidation to the viewer to watch as long as he dares, not to look away from the crude violence and imorality. Kubrick's perfectionist directing adapts Anthony Burgess's novel to the big screen in a terrifying, satirical and theatrical film.

Alex is a British young man, living sometime in a stylised future, who indulges in violent games, rapings and break-ins along with his friends. With his arrogant, impetuous style he manages to overpower all that come in his way until he is betrayed by his taunted friends and given in to the police. In prison, he learns how to manipulate the right people, especially the prison's chaplain, hiding his still deranged thoughts behind his sudden interest on the Bible. Sick of wasting his time there, he volunteers to go through the government's new and fast treatment for criminals – the Ludovico technique, which is suposed to cure the evilness of people and set them free in just two weeks. This turns out to be much worse a therapy than Alex thought it would be, and after two nearly unbearable weeks, he is presented as cured to an audience and set free to the world, which ironically does not accept him back that well, as reformed as he might be.

In Clockwork, Kubrick finally takes violence as his main subject. Its importance has always been present in his work, but it is in this film that he presents a character that is so disfigured by his love of violence that becomes almost inhuman. This character, Alex, lives in a futuristic society where youth has become spoiled and disinterested in anything but making dreadful use of others. Sex and mayhem is what they look for. Alex's group, his “droogies” he calls them, and himself do this in a ritual way. They dress up in white combat suits, with large codpieces attached to their waist, and wear distressing baroque masks when they do some special “horrorshow”. In addition, they use a pun-like language, mixing English, Russian and slang, to stress their style. In fact, this youth's style is not only reflected in the characthers themselves but in the scenarios as well. Every violence scene is shot gracefully in bright colours, accompanied by triumphant classical music, as if it were a ballet dance scene. It is Kubrick's intent to shock the viewer with the actions, leaving him unbiased by any other cinematographic trick he might use. Ultra-violence is, foremost, a sense of style, or rather, a way of life for these characters. The viewer is to be disturbed and offended only by what they are and do.

However, the story goes further, analysing society's reaction to its own ailment. Alex later is put under treatment to cure his evil, by watching repeatedly films of crimes like his own. He is bound in a straitjacket to a chair, his head strapped with wires and his eyelids unable to close by two metal clamps. Also, he is injected with a serum which provokes feelings of death-like paralysis and experiences them while watching these films. It is through this cure, based on the Pavlovian theories on classical conditioning, that Alex is thereby incapable of doing any wrong, since whenever he has strong violent or sexual desire he suffers terrible pain, which can only be relieved by acting properly. Right away, it is due to the prison's chaplain to bring up the ethical question – if Alex has now no choice of whether to do right or wrong, then has he not become less than a human being? Through Alex's testemony, as he narrates his own story, we realise he is not cured at all. He still has criminal impulses to which he cannot respond.

Kubrick leads the viewer steadily through Alex's experiences, through his insane mind and through the derailed society that made him and cannot sustain itself. Alex, however, is unsuspicious of his own mistakes. He is not ever aware of his actions being depraved. He is one of those heroes with which viewers cannot sympathise, though they may understand him. In the end, he is as vicious as he is in the beginning, perhaps worse. This is Kubrick's greatest achievement. The last chapter in the original book tells how Alex is in fact reformed, becoming a good person. However, Kubrick did not want to include it in the film, as it seemed to him that vision was too optimistic and not dramatic enough. The theatrical fashion of the film, its fixed plans, artificial dialogue, jubilous soundtrack and lively colours are not misconstructions – they are Kubrick's instruments to clamp his audience's eyes open and force them to watch his show of consternation.

Tuesday 12 February 2008

The Darjeeling Limited - crítica para Imagem e Som


The Darjeeling Limited é o quinto filme de Wes Anderson, que estreia nos cinemas introduzido pela primeira curta-metragem do realizador, Hotel Chevalier. Estes dois filmes, de preferência vistos juntos pois as suas histórias cruzam-se, são a confirmação há muito esperada de Anderson como cineasta, finalmente deixando para trás a sua reputação de realizador caprichoso. Em Darjeeling, Wes Anderson já usa a sua linguagem com segurança, experimentada e ensinada ao público nos seus filmes anteriores.

O filme segue a história de três irmãos que embarcam, um pouco frivolamente, numa viagem espiritual pela Índia, num comboio homónimo do filme. Contudo, depressa descobrem que não basta participar em todos os rituais indianos que encontram de cada vez que o comboio pára se querem mesmo voltar a sentir-se como antes. Antes de quê? É aqui que os temas de Anderson se revelam. As suas personagens procuram sempre uma redenção depois de terem passado por um acontecimento traumático, uma espécie de libertação do jogo de controlo de que se tornaram dependentes, e Darjeeling não foge à regra. É através da interacção dos três irmãos que nos apercebemos deste caminho das personagens, aliás, a relação entre eles é o principal foco do filme, sendo suficiente para os caracterizar. Anderson cria um ambiente que não lhes deixa outro caminho a não ser a partilha e o risco da confiança. Usa o comboio inteligentemente, um espaço pequeno em que as personagens se mostram tensas e defensivas, presas aos seus rituais controlados. Estende este cenário cheio, pesado e claustrofóbico às cenas nas cidades, dos rituais ineficazes. Até que as personagens são soltas num espaço amplo e vazio, onde são obrigadas a medir-se espontaneamente e não encontram paredes que as limitem. Encontram-se apenas uns os outros e é assim que Anderson os obriga a comunicar.

Numa altura em que cada vez mais a comunicação é feita à distância e a partilha parece mais confortável com estranhos, aparece um filme com três irmãos (personalidades distorcidas, como é normal, pela forma como se relacionavam com os pais) que se isolam para, juntos, procurar resolver aquilo que não os deixa avançar. É de aproveitar o exemplo, que é tratado de forma algo irónica, com um pessimismo leviano, por Wes Anderson, que continua fiel às suas personagens paradoxais e estilizadas, aos cenários caracterizantes e aos enredos teatrais.

Monday 11 February 2008

Tuesday 5 February 2008

Super Duper Tsunami Tuesday joke

What's the word that begins with an 'n' and ends with an 'r' that you can't use in th USA to call someone who is black?

Neighbour.

Sunday 3 February 2008

28 de Janeiro a 3 de Fevereiro

Início de um registo dos filmes vistos por semana... para não me perder.
De vez em quando algumas palavras... se me apetecer.
:p



Três surpresas, de certo modo (talvez o último nem tanto).
Atonement, fui ver sem qualquer conhecimento prévio da história (ainda consigo fazer destas coisas), apenas de que entrava a Keira Knightley e de que estava nomeado para alguns Óscares. Fiquei surpreendida pela crueldade. A crueldade com que uma criança confusa e ferida se vinga de quem gosta e a crueldade do destino que não se deixa remediar, nem que seja por um pormenor. É interessante que tenham focado essas pequenas decisões que marcam a vida inteira e condicionam relacionamentos, neste caso, de uma forma muito mais fatalista e, esta é a parte interessante, através do cenário de guerra (com todas as injustiças que traz amarradas). Como faz mais sentido nesta altura, talvez. Embora canse um bocado. Por outro lado, achei interessante alguns aspectos da realização, principalmente as montagens - os momentos em que eram usadas e a forma como eram trabalhadas (os travellings de planos de pormenor e os jogos de luzes e focagens/desfocagens) - e a entrevista no final, uma das melhores decisões do filme. Torna tudo mais subtilmente directo, e não apenas mais uma história de guerra que nao é bem sobre a guerra mas acaba por se tornar apenas nisso.

Into the Wild, outro que também já nem me lembrava muito bem ao que ia. Foi muito além do que eu esperava, até porque só esperava um filme no Alaska com um gajo giro. Mas depois aparece-me o Sean Penn a atacar a cultura hipócrita americana, usando um mártir da verdadeira liberdade. Hmm... ainda por analisar.

The Darjeeling Limited, muito antecipado este. O Wes Anderson continua com a cabeça no mesmo sítio, com aquela relação fantástica de personagem/espaço/outras-personagens que me fascina tanto. Fiquei com a sensação que neste filme ele tinha tentado avançar um degrau, mas não conseguiu completamente. Não deixou de ter um bom filme, mas não cumpriu o objectivo. Demasiado fresco para dizer isto se calhar, mas foi a sensação com que fiquei. Tenho de voltar a ver para poder identificar melhor. Pelo menos isto posso dizer, boa banda sonora.

Thursday 17 January 2008

Addictions: 1 - catharsis

(work in progress)

Despise words
Comprise thoughts

What
do you think you have
What
do you think you want
Don't
mind that you don't

Fill the box and leave it
Get inside and break it
Expand the space to nothingness

Create a feeling
and make me believe it's not me