Monday 31 May 2010

Escolho espremer a esponja

Amanhã faço vinte anos e hoje dormi 14 horas. Vi o Mighty Aphrodite porque hoje é feriado e Woody Allen é coisa pra se ver com almoço de restos e manta.

Há quase dois anos que sou dona dos meus dias. É a maior liberdade que posso alcançar - o que fazer com o meu tempo. Posso decidir criar qualquer outro tipo de liberdade a partir desta. Posso decidir aniquilá-la. A partir do momento em que governamos os nossos dias, o momento de emancipação do lar, temos liberdade absoluta - todas as escolhas são nossas. Voltar para o lar é um aliviar do poder de escolha, tem o mesmo papel que rezar na religião: o livre-arbítrio é renegado ao colocarmo-nos nas mãos de uma autoridade superior. Não é fácil escolher. As consequências pertencem-nos. Sabem bem, ou mal. Fazem-se sentir e não há ninguém que alivie a carga. Os dias preenchem-se, preenchemo-los nós, de vez em quando vem quem os preencha e passam. Passa a vida. Há coisas importantes, ou antes, que têm importância. Antes de tudo há a condição. E depois os outros. E depois o desejo. E depois a distância. E depois as escolhas. E depois as consequências. E depois nunca mais acaba. Prezo tanto esta liberdade que me sinto fisicamente incomodada quando é negada. É raro. Fico contente por chegar aos vinte anos e aceitar esta condição com prazer.

Vou ver as Praias de Agnès mais logo. Já raramente vejo filmes e hoje vejo dois. Amanhã junto o pessoal. Gosto muito de algumas pessoas. Quero viajar, quando acabar isto, por agora estou concentrada no First Myth. Filmamos daqui a duas semanas - mais um projecto do que agora chamo a New Sincerity.