Friday 18 December 2009

O sucesso de uma geração de transição

Sobre NEU! '75, alguém disse: "This is music not only for travelling, from one place to the next, but also for disappearance into the ether at a steady pace."
É engraçado que eu tenha andado estes últimos dias em Londres a ouvir este álbum e a pensar exactamente o mesmo. Ver escrito o eco dos nossos pensamentos é um acontecimento que se torna mais frequente após Filosofia do 10º ano, o que por um lado nos faz sentir cada vez mais estúpidos e insensíveis, e por outro nos leva a escrever, mas adiante, o que queria dizer com isto é que uma série de factores, incluindo este acontecimento, me fazem concluir que a geração alemã pós-guerra é das gerações mais bem sucedidas de sempre.
A guerra tinha acabado, a Alemanha estava destruída e dividida, tabu era um modo de vida. Não se falava do nazismo, não se falava dos judeus, não se falava dos crimes, nem dos sofrimentos, não se falava sequer do outro lado do muro - uma geração inteira cresceu sem conseguir comunicar com os pais e sem perceber por que não devia ter orgulho no seu país. Criou-se o desejo de, mais do que renovar, construir a partir do nada - sem influências alemãs ou estrangeiras, algo puro e novo. E tanto no cinema como na música conseguiu!
Este documentário da BBC poderá explicar a situação do Krautrock melhor que eu, e quando descobrir um sobre o Novo Cinema Alemão, também o ponho aqui, para que possam avaliar por vocês se a forma como esta geração tratou a música, o cinema, a arte e a sociedade não foi incrivelmente produtiva, criativa e eficaz. Muita admiração!

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