Saturday, 14 June 2008

Revolução para o Dia de Portugal

Nesta semana tão estranha (ainda na ressaca de tudo), terça-feira foi Dia de Portugal.

Como sempre, o Presidente da República fez um discurso à nação, em que relembrou as obras do passado, apontou os caminhos do futuro e preveniu contra os problemas actuais. Nada mais pacífico e datado do que este tipo de discurso. Um discurso paternalista, absolutamente desnecessário e redundante.
Ora, para alguém chamado Clara, que tinha um relatório a fazer, horas que nunca mais passavam pela frente e a cabeça cheia de coisas ridículas, isto foi um prato cheio. Alguma coisa para resolver!
Já há tanto tempo que isto se diz que se tornou um clichê (e os leitores já devem conhecer a minha relação de amor/ódio com os clichês), mas de facto, esta intervenção do presidente da república tornou ainda mais evidente a desadequação de todo o sistema político com que vivemos ao mundo que andamos a construir.

Por que razão (válida, mind you) é que esta entidade há-de fazer um discurso destes no Dia dedicado ao nosso país? Se é um dia dedicado ao país, devia ser aproveitado para tratar dos assuntos pertinentes e concretos do presente e do futuro. Em vez do presidente, o primeiro-ministro deveria ter a palavra e claramente expôr reformas e políticas que o governo se preparasse para pôr em prática nos próximos meses e anos, para toda a população ter a oportunidade de estar efectivamente informada sobre o futuro do país.
Não me digam que ninguém se interessa. Mesmo que não se interessem, deviam ter a oportunidade de o saber simplesmente porque fazem parte de uma comunidade e essas decisões afectam a sua vida.

Mas realmente, o facto da falta de interesse pelo rumo político do país é preocupante. Eu própria, apesar desta conversa toda, estou dentro da equação. Não me interesso particularmente pelo assunto, nunca pertenci a nenhum grupo com ambições políticas (nem sequer me candidatei alguma vez a delegada de turma -risos por favor-) e não me identifico com a filosofia de nenhum partido em especial. Basicamente, porque não acredito neste sistema político. Está viciado e velho, tem de mudar.
É necessário envolver as pessoas. Demora tempo, décadas para dizer a verdade, e os resultados não vão ser imediatos e não vão ser bem recebidos a início. Mas tem de se começar por algum lado e pela forma borbulhante como a sociedade global muda todos os anos, talvez funcione melhor e mais rápido do que as expectativas.

Temos de ter uma atitude wikipedia - ter acesso a toda a informação e ter a hipótese de participar e contribuir, se assim o desejar. Ou seja, as propostas do governo deveriam ser apresentadas ao público em geral periodicamente (talvez de dois em dois meses) e levadas a votação nacional não obrigatória uma semana depois. O parlamento, como é natural, deixaria de ser necessário. Existiria apenas o corpo do governo que faria as propostas e levaria a cabo as resoluções da população e estes também seriam eleitos.
A nível local o esquema seria o mesmo, só que as apresentações/votações seriam mais frequentes (talvez de quinze em quinze dias).

Era uma questão de hábito. A pouco e pouco, o debate tornava-se natural. Dava-se oportunidade a quem a quisesse. Quem não a quisesse, podia continuar com a sua vida. Ao menos tínhamos todos maior consciência do nosso papel na comunidade e maior poder sobre o nosso destino. Aí já não me importava de ouvir discursos como os do tradicional Dia de Portugal.

3 comments:

Anonymous said...

pah.. revolução mani

a wikipedia e o open source no final das contas representam o início da salvação do mundo

Bahar said...

olha que se gasta muito dinheiro em votações períodicas! :) Mesmo que todo o público (povo) fosse votar e mesmo que todos nós tivessemos conhecimento (o que é uma missão quase impossível, pelo menos num futuro próximo).
Simplesmente há pessoas que não se interessam pela política!
E não te esqueças que mais de 80% dos portugueses se lembra do Parlamento Europeu, que também é muito importante e nós somos importantes na escolha de quem queremos que nos reperesente no Parlamento Europeu.

Falancio ! said...

hei q post fixe ! descobr agra este blog.. este post é digno do ''sitio da revolução'' xD
nao vou expor os meus ideais politicos mas so uma cena.

''' olha que se gasta muito dinheiro em votações períodicas! ''by carolina

não se compara os gastos das eleições periodicas com os gastos do parlamento. um deixando de existir sustentaria perfeitamente o outro..