La Habitación de Fermat é o filme vencedor do Prémio Mèliés de Prata e do Prémio de Melhor Argumento da Secção Oficial de Cinema Fantástico do Fantasporto 2008. Para Luís Piedrahita e Rodrigo Sopeña esta foi a primeira longa-metragem, tendo carreira em Espanha como argumentistas humorísticos e realizadores de televisão. É importante conhecer o percurso dos dois realizadores, e a sua inclinação para o argumento, para perceber não só o filme como o sucesso que parece reclamar, isto porque o filme não é realmente um sucesso, falhando um argumento que o podia ser verdadeiramente.
O filme centra-se num pequeno espaço. Quatro matemáticos são atraídos para uma reunião por uma personagem misteriosa, Fermat, com o propósito de resolverem um grande enigma. Encontram-se então numa sala que acabam por descobrir estar rodeada por máquinas que a encolherão a não ser que os quatro consigam resolver os enigmas que o anfitrião lhes deixou. Sem outro contacto com o exterior, recebem os enigmas pelo telemóvel abandonado por um Fermat que chega atrasado e confuso e que é obrigado a deixá-los após receber uma chamada urgente. É a partir daqui que a trama se desenrola, à volta dos enigmas matemáticos e dos enigmas entre as quatro personagens.
O enredo não é original. É uma história que brinca com a capacidade lógica do espectador, à moda de Agatha Christie, com uma série de quebra-cabeças para resolver com a ameaça crescente do tempo que se esgota. O espectador é obrigado a entrar também ele na espiral de tensão e a resolver os problemas. Mas é aqui que o filme falha. Falta a real ginástica mental, tanto nos enigmas como nas personagens, que tornaria o filme mais pertinente, mais imaginativo, mais lógico e por isso mesmo mais atraente. As personagens estereotipadas reagem como já sabemos que vão reagir e nem as relações que se vão descobrindo entre elas nos chocam. Os psicologicamente fracos reagem de forma histérica, e os que se mantêm lúcidos apesar de todas as provações assim continuam para poderem passar a moral da história no fim.
Com as personagens desenvolvidas superficialmente, o filme tinha outra vertente por onde se salvar: o jogo intelectual. Que infelizmente também falha, com mais vontade até do que as personagens. É evidentemente uma opção da parelha espanhola que todos os enigmas apresentados a estes estudiosos matemáticos sejam enigmas populares, de truques semânticos e lógicos que todos já ouvimos. No entanto, por muito irritante que seja ao longo do filme, é uma opção compreensível pois seria muito mais complicado lidar com enigmas a sério que iam exigir mais explicação por parte das personagens e roubar mais espaço às intrigas interpessoais. Mas se calhar a compreensão dos enigmas pelo público foi sobrevalorizada pelos argumentistas; as personagens são mais importantes. O exemplo ideal são as séries de hospitais que vivem das personagens e dos enredos inteligentes, mesmo estando cheias de vocabulário técnico incompreensível para um leigo.
Apesar de todas estas falhas, La Habitación de Fermat ganhou o Prémio de Melhor Argumento do Fantasporto e o Mèliés de Prata, isto porque, dentro da sua superficialidade, o filme aguenta-se com uma excelente fotografia e um cenário interessante e uma linha condutora, com alguns twists para ir aumentando a tensão, bem como uma realização movimentada que filma o espaço de todos os ângulos, contribuindo para a sensação claustrofóbica que se desejava. A história evolui como um episódio de uma série televisiva que tem apenas 30 minutos para tratar de tudo. Esperava-se mais da oportunidade de fechar quatro especialistas numa sala em que os seus minutos de vida estão contados.
O filme centra-se num pequeno espaço. Quatro matemáticos são atraídos para uma reunião por uma personagem misteriosa, Fermat, com o propósito de resolverem um grande enigma. Encontram-se então numa sala que acabam por descobrir estar rodeada por máquinas que a encolherão a não ser que os quatro consigam resolver os enigmas que o anfitrião lhes deixou. Sem outro contacto com o exterior, recebem os enigmas pelo telemóvel abandonado por um Fermat que chega atrasado e confuso e que é obrigado a deixá-los após receber uma chamada urgente. É a partir daqui que a trama se desenrola, à volta dos enigmas matemáticos e dos enigmas entre as quatro personagens.
O enredo não é original. É uma história que brinca com a capacidade lógica do espectador, à moda de Agatha Christie, com uma série de quebra-cabeças para resolver com a ameaça crescente do tempo que se esgota. O espectador é obrigado a entrar também ele na espiral de tensão e a resolver os problemas. Mas é aqui que o filme falha. Falta a real ginástica mental, tanto nos enigmas como nas personagens, que tornaria o filme mais pertinente, mais imaginativo, mais lógico e por isso mesmo mais atraente. As personagens estereotipadas reagem como já sabemos que vão reagir e nem as relações que se vão descobrindo entre elas nos chocam. Os psicologicamente fracos reagem de forma histérica, e os que se mantêm lúcidos apesar de todas as provações assim continuam para poderem passar a moral da história no fim.
Com as personagens desenvolvidas superficialmente, o filme tinha outra vertente por onde se salvar: o jogo intelectual. Que infelizmente também falha, com mais vontade até do que as personagens. É evidentemente uma opção da parelha espanhola que todos os enigmas apresentados a estes estudiosos matemáticos sejam enigmas populares, de truques semânticos e lógicos que todos já ouvimos. No entanto, por muito irritante que seja ao longo do filme, é uma opção compreensível pois seria muito mais complicado lidar com enigmas a sério que iam exigir mais explicação por parte das personagens e roubar mais espaço às intrigas interpessoais. Mas se calhar a compreensão dos enigmas pelo público foi sobrevalorizada pelos argumentistas; as personagens são mais importantes. O exemplo ideal são as séries de hospitais que vivem das personagens e dos enredos inteligentes, mesmo estando cheias de vocabulário técnico incompreensível para um leigo.
Apesar de todas estas falhas, La Habitación de Fermat ganhou o Prémio de Melhor Argumento do Fantasporto e o Mèliés de Prata, isto porque, dentro da sua superficialidade, o filme aguenta-se com uma excelente fotografia e um cenário interessante e uma linha condutora, com alguns twists para ir aumentando a tensão, bem como uma realização movimentada que filma o espaço de todos os ângulos, contribuindo para a sensação claustrofóbica que se desejava. A história evolui como um episódio de uma série televisiva que tem apenas 30 minutos para tratar de tudo. Esperava-se mais da oportunidade de fechar quatro especialistas numa sala em que os seus minutos de vida estão contados.
1 comment:
ahh esta critica gostei muito na altura, deve-se em todo as criticas das tuas criticas que eu proprio fiz, gostava d saber o meu o caro amigo fundo acha
Post a Comment